Melissa, natural de Jundiaí, São Paulo, é uma força magnética no mundo da dança, utilizando sua formação diversificada para enriquecer cada performance e coreografia que apresenta. Com um bacharelado em Comunicação Social e Jornalismo pela Unifaccamp e uma especialização em Corpo: Dança, Teatro e Performance pelo Celia Helena, Melissa não apenas domina a arte da dança, mas também sabe como comunicá-la de maneira eficaz, tanto nos palcos quanto fora deles. Atuando como instrutora, performer, pesquisadora e produtora, ela traz uma perspectiva única para a dança, influenciada por sua sólida formação acadêmica e paixão pela expressão artística. Como a primeira atração de dança a se registrar na plataforma Casas de Shows, Melissa vê uma oportunidade valiosa de expandir seu alcance e conectar-se com um público mais amplo, trazendo a arte da dança para o centro das atenções no Brasil.
Melissa, como sua formação em Comunicação Social e Jornalismo influencia seu trabalho no mundo da dança?
Ingressei no curso em 2013 e, desde o início, consegui aplicar as técnicas de Comunicação no meu trabalho enquanto artista da Dança. Em 2015 comecei a dar aulas e fazer apresentações solo, com isso veio a necessidade de criar um portfólio e minha divulgação online. Ainda neste ano, criei o projeto Vídeo & Dança, os encontros Tribal no Parque e os haflas (festas) com música ao vivo em pubs e espaços alternativos. Em 2016 e 2018 participei produção da Feira Entre Mundos, captando artistas da dança para apresentações e intervenções e sendo responsável também pela gestão de mídia. Mas, para além do meu trabalho com mídia, a formação em Jornalismo me trouxe consciência de classe e um olhar crítico para as artes do Corpo. Eu estava no quinto semestre de Jornalismo quando tive uma aula sobre o Oriente Médio que me fez repensar toda a minha relação com a Dança!
Você possui uma especialização em Corpo: Dança, Teatro e Performance. Como essa formação multidisciplinar se reflete em suas performances e coreografias?
Atuo especificamente com uma modalidade de dança do ventre popularmente conhecida como Tribal Fusion, ou somente Fusion. Essa estilização tem como característica a combinação de elementos e símbolos de diferentes culturas, o que requer um certo cuidado ético e um carinho com a arte. Quando busquei o curso de especialização em Corpo eu queria me reencontrar enquanto artista num cenário pós-pandêmico. Me identifiquei muito com o programa por abordar conceitos como processos criativos, expressivos, poéticas na cena contemporânea, experimentações práticas, improvisação, além de módulos especiais sobre o Corpo na infância e na educação, para além do corpo-cênico, o corpo-político. A formação contribuiu não somente para a minha prática em cena ou como professora, mas também como artista e pessoa, aprendi muito com meus professores e também com os meus colegas de turma, em especial meu querido orientador, Junior. Toda performance ou prática de dança, seja em sala de aula ou no palco, é carregada de intenção.
Quais são os maiores desafios que você enfrenta como dançarina profissional e produtora na área da dança no Brasil?
A Dança ainda é vista como uma arte elitizada, aos poucos temos conseguido ganhar espaço na mídia, nas escolas e nos eventos culturais. Participar de editais públicos é um privilégio bastante restrito, ainda que os cursos livres estejam disponíveis para todos. Falta mudarmos a percepção pública da dança enquanto arte e área de conhecimento, sem preconceitos. Viver da Dança ainda é um sonho longínquo, já é difícil conseguirmos realizar apresentações e ministrar aulas remuneradas, mas sou grata a todas as conexões que a Dança me traz, dentre elas, potenciais clientes, alunes e parcerias, juntos acredito que conseguiremos ampliar a cena!
Como os diferentes tipos de palco e espaços de apresentação impactam suas performances?
Gosto de dançar perto do público, ver a reação das pessoas no rosto delas e de toda a interação que essa proximidade proporciona, como as palmas no ritmo da música. Mas também valorizo uma boa iluminação cênica, especialmente para produção de mídia ou coreografias em grupo. Já dancei em teatros, pubs, parques, praias, museus, eventos diversos como festivais de cultura alternativa, saraus, cerimônias e rituais, também dancei em lugares inusitados, como a paróquia Santa Joana D’arc numa páscoa judaica. Procuro adequar meu figurino, a música e a coreografia de acordo com o local e a temática do evento. Dito isso, cada performance é uma experiência única!
Você foi a primeira dançarina a se registrar no Casas de Shows. Qual foi sua motivação para usar a plataforma e que oportunidades você espera explorar através dela?
Vejo a plataforma como um espaço democrático para conectar artistas, produtores culturais e proprietários de espaços diversos, que vai de encontro com a minha proposta de agregar a Dança a diferentes ambientes. Também é atrativo mapear minha trajetória na região, registrando os locais onde já tive a oportunidade de me apresentar.
Em sua visão, como a plataforma Casas de Shows pode contribuir para a valorização e visibilidade da dança no cenário cultural brasileiro?
Levar a dança para diferentes espaços é apresentar a arte para diferentes públicos e sempre tem alguém que admira, se identifica e procura saber mais, fazer parte, fundar uma parceria. Não é todo mundo que inicia na dança com a intenção de se apresentar, muitos levam a dança como uma prática pessoal, e tudo bem. Mas o desenvolvimento coreográfico ou improvisação e o contato com o público enriquece a experiência do aprendizado. Também não é todo mundo que se apresenta que ensina: performance, ensino e coreografia são áreas de conhecimentos distintas dentro da arte da dança. Conhecer o currículo do profissional que você quer contratar, seja para dançar ou para ensinar, faz toda a diferença se você busca credibilidade e qualidade artística. Eu, particularmente, gosto muito de dançar com música ao vivo!
Pode compartilhar uma experiência memorável de sua carreira que destaque um momento significativo ou um ponto de virada?
Em 2023 subi ao palco do Enredança grávida de 8 meses da Luna e fiquei em 3º lugar na categoria solo feminino modalidade danças folclóricas e populares. Quem me conhece sabe que não sou de participar de competições, mas estava ávida para dançar com minha bebê ainda no ventre. Apesar de todos os desconfortos da gestação, quando estava dançando, não sentia nada além de júbilo. Todo o nervosismo e ansiedade se dissipa quando estamos num espaço cênico. No início da gestação cheguei a cancelar uma apresentação por estar desconfortável com meu corpo. Mal conseguia girar sem ficar tonta, o inchaço me impossibilitava de usar acessórios, e alguns movimentos ficaram bastante limitados. Estando grávida, nosso centro de gravidade muda. Então, conseguir uma colocação nessas condições foi uma superação e tanto para mim. Agora, sendo mãe, olho com mais carinho para outras mulheres que também passaram por essa experiência. Nosso corpo é poderoso!
Quais são seus planos futuros para expandir seu alcance e impacto no mundo da dança?
Além de uma atividade física e artística, a dança é uma atividade social, ela nos conecta com as pessoas e contribui para a consciência coletiva. Em agosto celebro 30 anos, 15 deles na dança! Atualmente ministro aulas regulares em turma reduzida no Ateliê Flores & Fósseis (Rua Santa Maria, 229) e estou disponível para workshops, oficinas, aulas particulares e desenvolvimento coreográfico. Como produtora, trabalho nos bastidores do Quintal da Verinha e no Fórum Tribal (online). Tenho planos de ingressar no mestrado num futuro próximo para continuar estudando, pesquisando e publicando. Em breve, retomarei alguns projetos de mídia e espero realizar mais uma edição da Mostra de Danças e Fusões Experimentais e, com isso, alcançar ainda mais pessoas.
Perfil no Casas de Shows: https://casasdeshows.com.br/atracao/melissa-art
Instagram da Melissa: https://www.instagram.com/melissa.art.br